quinta-feira, 7 de abril de 2011

Base de Dilma começa a articular 2012 em Minas e Aécio reage

Siglas que integram a base de apoio à presidenta se reuniram ontem para abrir as negociações sobre eleição em Belo Horizonte

Denise Motta, iG Minas Gerais | 05/04/2011 07:00


Lideranças do PT, PC do B, PMDB e PRB abriram nesta semana as primeiras discussões sobre a sucessão do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). Os partidos que integram a base de apoio à presidenta Dilma Rousseff reuniram-se nesta segunda-feira na capital mineira e decidiram formular um plano de trabalho que exclua o PSDB. A ideia é convencer Lacerda de que, se ele optar ficar com tucanos na eleição de 2012, perderá apoios de qualquer legenda de sustentação da presidenta.
A movimentação acendeu o sinal amarelo no PSDB, que já traça um plano alternativo para o caso de Lacerda optar pela ruptura da aliança com os tucanos na sua disputa pela reeleição em 2012. Nesta segunda, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que seu partido deve estar preparado para lançar candidato próprio. “Tem que estar preparado para isso, para lançar candidato à Prefeitura de Belo Horizonte também. Qualquer partido da importância do PSDB, que governa o Estado já pela terceira vez consecutiva, que tem projeto nacional, é natural que tenha também a possibilidade de disputar as eleições em várias capitais do País”, afirmou.
Um dos nomes cotados para a disputa é do deputado federal Rodrigo de Castro. Secretário-geral do PSDB, ele obteve pouco mais de 13 mil votos na capital.
Durante as eleições de 2008, o PT, capitaneado pelo então prefeito Fernando Pimentel (atual ministro de Dilma), e o PSDB, liderado pelo então governador Aécio Neves, juntaram forças para eleger Lacerda. O PT indicou o candidato a vice. O PSDB não fez parte da chapa (por decisão do PT), mas deu apoio informal ao candidato e hoje faz parte da sua administração. A aliança aconteceu porque, naquela época, a candidatura Lacerda fortalecia os grupos que dão apoio a Pimentel e Aécio nos respectivos partidos. Hoje, o cenário mudou. Aécio tem aumentado as críticas ao PT, tentando se colocar como o principal nome da oposição ao governo Dilma.
Durante o encontro dos governadores do PSDB em Minas, Aécio disse que a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério, é um “escárnio para a população brasileira”. Essa declaração foi a gota d'água e líderes das legendas que apoiam Dilma em Minas pediram uma audiência com a presidenta na qual pretendem argumentar ser preciso cuidado com o senador Aécio.
Isolamento do PSB
Lacerda é presidente do PSB de Belo Horizonte e se nega a comentar sobre a eleição do ano que vem, sob argumento de que sua prioridade agora é administrar a cidade. Seu vice, o petista Roberto Carvalho, participou da reunião de hoje na assembleia na qual a estratégia foi discutida. Segundo ele, estavam reunidos partidos “100% Dilma, sem crise de identidade”. Questionado se referia-se ao PSB, Carvalho desconversou. Ninguém do PSB participou da reunião.
Tem que estar preparado para isso, para lançar candidato à prefeitura de Belo Horizonte também. Qualquer partido da importância do PSDB, que governa o Estado já pela terceira vez consecutiva, que tem projeto nacional, é natural que tenha também a possibilidade de disputar as eleições em várias capitais do País", afirmou Aécio
"Caminhar juntos em torno de um projeto para a capital mineira", como os partidos que apoiam Dilma definiram a reunião, não significa que haja uma aliança formal entre PT, PC do B, PMDB e PRB. As três primeiras legendas acenam com a possibilidade de lançar candidatura própria, mas avisam que estarão juntas em um eventual segundo turno. Do PT, estão cotados para a disputa o vice de Lacerda e o deputado federal Miguel Corrêa Júnior.
A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) e o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) são outros nomes aventados que já possuem experiência na empreitada. Quintão teve apoio de Jô Moraes ao disputar e perder no segundo turno em 2008. “Fechamos que caminharemos juntos ou no primeiro ou no segundo turno. Por enquanto, não vamos discutir nomes, mas o PMDB quer candidatura própria”, avisou Quintão, presente na reunião.
Representante do PC do B de Jô Moraes, Zito Vieira diz que se Lacerda optar pelo PSDB estará abrindo mão de ter o apoio de sua legenda. Ele conta que a reunião hoje ganhou um caráter mais amplo porque os apoiadores de Dilma estão extremamente incomodados com os recentes ataques feitos por Aécio contra Dilma.
A reação do PSDB
Apesar de destacar que o PSDB deve estar preparado para lançar um nome, Aécio ressaltou que a aliança entre sua legenda e o prefeito de Belo Horizonte "reflete o modo de gestão tucano", de priorizar a eficiência da máquina pública. Questionado se estava trabalhando para reeditar a aliança entre tucanos e Lacerda, Aécio disse que caberá ao prefeito a decisão.
“A aliança hoje com o prefeito para nós é confortável, tem permitido à Prefeitura de Belo Horizonte introduzir alguns instrumentos que nós já havíamos introduzido e exercemos aqui no Estado, aqui na administração municipal”, destacou.
O tucano lembrou que Lacerda foi seu secretário de Planejamento e Gestão e que seu modo de administrar a capital mineira é como o modo tucano. Aécio ressaltou ainda que as decisões eleitorais são de responsabilidade dos dirigentes estaduais e municipais dos partidos.
“Eu vejo no esforço de gestão, de qualificação do setor público, uma similaridade, uma proximidade maior do prefeito Marcio Lacerda conosco, porque ele traz, desde o tempo que foi meu secretário, essa concepção de que o setor público precisa ser eficiente para apresentar resultados. Então hoje é uma aliança que nos parece natural. Quanto à eleição futura vai caber sobretudo ao prefeito definir quais são as suas prioridades”, finalizou.

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